Integridade: uma palavra chave

A palavra integridade tem sido usada de muitas formas diferentes, não é?

Algumas formas a associam à honestidade, como se ser correto, honesto, fazer o que é certo resolvesse a questão. Não resolve. Ser honesto e correto depende de algum elemento externo para julgar o que é certo ou errado, e isso já elimina essa explicação como a correta para integridade porque, na verdade, a busca do certo e errado estão dentro de você e não fora.

Outras formas a associam a falar a verdade, dizer o que se pensa. Isto também não resolve a questão, já que eu posso dizer o que penso e ser ambivalente, dúbio, inconsequente, e por aí vai. Definitivamente dizer o que se pensa não nos dá uma pista sobre o que é a integridade.

Outra possibilidade é associar integridade com cumprir com as suas obrigações, de acordo com alguma lei externa, ou social, ou jurídica, ou religiosa, etc. Se eu cumprir o que demandam de mim, se eu fizer o que é socialmente ou religiosamente esperado, tudo bem, sou integro! Também não é por aí, ainda…

O que seria então essa tal de integridade? Vamos começar pelo que a palavra nos diz: integer, inteiro, significando ser um só, ser único, ser uma coisa só, deixar de lado subterfúgios, sermos por fora o que somos por dentro. Esse é o significado da palavra integridade. E isso vai diretamente à questão: como ser eu mesmo o tempo todo, como declarar ou agir de acordo com o que penso? Essa é exatamente a questão!

Vamos primeiro no lado de ver quem somos. Na verdade, somos resultado de nossas crenças e podemos pensar que deveríamos ser por fora uma representação daquilo que de fato acreditamos, daquilo que pomos a nossa mão no fogo, independentemente da situação e independentemente da circunstância e pela qual bancamos as nossas crenças, mesmo que sejamos punidos por isso. Essa é a chave: a integridade implica, necessariamente, um preço a pagar, que é o preço de sustentarmos uma crença, mesmo que seja muito alto. Por exemplo, tenho um ótimo emprego, ganho muito, mas sei que detesto o que faço. Paro, mudo de emprego ou continuo porque acho que nunca conseguirei ganhar monetariamente o que ganho hoje? Mesmo sem nenhuma saída à vista, sabendo que esse é o momento, que não tenho sido integro com todos os que me rodeiam, tenho a coragem de assumir as minhas crenças de forma aberta com essas pessoas? Mesmo tendo a certeza que serei prejudicado, farei esse movimento?

Essa é a base que nos sustenta. Como as fundações de uma casa, elas são o nosso alicerce para toda a vida. Porém, na subjetividade contemporânea, parece que tenho de ir contra isso, não posso ser integro. Nos Big Brothers da vida, parece que temos de jogar jogos, escondermos a nossa essência, para termos sucesso, sem consciência de que estamos jogando fora a nossa essência, junto com a água da banheira.

Se temos de fazer uma única aposta na vida, essa seria a grande aposta naquilo que é essencial, a integridade. Que não é um julgamento moral em absoluto. Se você acredita que mentir é o correto, minta! Sempre! A integridade vai cobrar que quando a mentira te prejudicar você até comemore, porque isto está nas suas crenças e não nas suas conveniências, certo? Consistência e coerência, esse é o nome do jogo.